Escrita Criativa

Passatempo - Mês Internacional das BE (2013)
1º prémio

Breves olhares nas numerosas estantes,
Ínfimas páginas folheadas,
Busco neste pequeno e grande mundo
Livros onde as respostas que procuro estão reveladas.
Impaciente, continuo a explorar com muita atenção.
Observo, analiso e questiono qualquer palavra,
Tento, porém, não me perder no labirinto da informação...
E assim encontro o que procurava.
Contudo, há tanta coisa ainda por desvendar...
Acabo sempre por aqui voltar!...

Victoria Ursu, 11ºA

2º prémio

A BIBLIOTECA É…
um templário. Um templário, não na verdadeira aceção da palavra, não uma instituição com o desígnio de adorar ou agradar a um ser superior, omnipresente e omnipotente, mas uma igreja, sinagoga ou mesquita da leitura, da escrita, do conhecimento e da arte. Cada religião será, pois, um género literário e cada divindade presta culto ao livro, que expressa as diferentes “faces da doutrina do conhecimento”, que o leitor toma a liberdade de escolher consoante os seus interesses, propósitos ou valores.

um refúgio sagrado para quem aprendeu desde tenra idade as artes da magia implementada pela arte literária, ou para aqueles que apenas a visitam pontualmente.

um porto seguro para sonhadores – calmo e silencioso, que os faz esquecer por momentos a realidade…

também um universo com centenas de universos dentro de si, um museu com múltiplas obras de arte, todas com formato idêntico, prévia e criteriosamente selecionadas, antes de assentarem na prateleira, que poderemos considerar o altar, mas com conteúdo distinto e único em cada peça.

um ponto de convergência de concorrentes provenientes de um oceano sapiente, tão antigo como a própria escrita, onde as modernas correntes do pensamento convergem com as arcaicas, afundando-as, ou, por vezes, aprendendo com as mesmas. Possibilita inúmeras viagens, havendo sempre mundos, universos e realidades para todos os agrados, não exigindo sequer que os marinheiros experientes ou os passageiros com pouca destreza, devido à falta de prática, abandonem os seus lugares.

Mas a biblioteca é, acima de tudo, uma mãe que conversa à porta da sua casa aberta, convidando crentes e descrentes, artífices e teóricos, sonhadores e realistas, escritores e leitores, marinheiros e passageiros, exploradores, sábios e aprendizes, a visitarem o seu templo, museu, ateliê, refúgio ou porto, com o objetivo de embarcarem numa das gratuitas viagens que esta disponibiliza, apenas pedindo que os conservem e devolvam intactos – “sãos e salvos”, o desejo de qualquer mãe,- ao alegre silêncio e sossego da sua generosa e admirável residência.

Inês Almeida, 11º A

3º prémio

BIBLIOTECA...
Um mundo de ideias sem fim,
De pensamentos inigualáveis.
Uma viagem sem regresso.

BIBLIOTECA...
Um planeta de emoções,
Uma casa de lições,
Um livro de opiniões

Henrique Ponte, 11ºA

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Memória dos Tempos Passados - Um Passeio por Lisboa e Sintra


        Parte I - Palácio da Pena

        Encontrei-me na memória dos tempos passados,
        Percorri os caminhos de outrora
        E nos aposentos da senhora
        Contemplei os frescos pelo rei pintados.
        No parapeito de uma janela,
        Descendo uma escadaria,
        Quis sentar-me a ler uma novela;
        Impediram-me os turistas em correria.
        Debruça-te nas ameias
        A que o caminho da Ronda dá acesso.
        Perde de vista as vidas alheias
        De tão larga paisagem, confesso!
        Os caminhos de calçada incrustada desce
        Inspira o verde ar, puro e são
        Até encontrares o mármore que imponente cresce
        Secreto abrigo do apaixonado coração.


        Parte II - Terreiro do Paço 
        Ó cidade que outrora viveste!
        Cidade de terra e mar.
        Riquezas, culturas, gentes nos deste
        Fizeste Portugal ao mundo cantar!

        Evacuaste o temor dos nossos corações
        Nas horas de confronto ao desconhecido,
        Pois a Deus e El- Rei entregávamos as nossas orações
        Para que com lealdade e fé Portugal não fosse vencido.

        Foste em tempos convergência de ouros
        Pólo de conhecimento e cultura!
        Bárbaros, romanos, mouros,
        Todos perante ti se vergavam com magestura.

        Ó Lisboa querida,
        Capital de Portugal,
        És por outros governos agora corrompida
        Cobre-se de bolor o teu mural!

        Como te resgatar da vergonhosa liderança?
        Como acordar o povo desta inércia brutal?
        Haverá réstia de esperança
        Nestas ondas de severo sal?

        Ó povo lutador,
        Navegante de tempos ancestrais,
        Ergue esse espírito vencedor
        Impregnado por teus belos ideais!

        Parte III - Miradouro da Graça

        No Castelo de S. Jorge
        Desfralda a tua bandeira
        E deixa, que a tua alma o País forge,
        "Brade a Europa à Terra inteira"!

        Que vila mais harmoniosa
        Se tornou Olissipo, a cidade!
        A gente que passeia, viçosa
        Regozija a antiga Liberdade.

Inês Isabel Cristiano Brigas, nº13, 12ºD

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 Viagem...

        Onde termina esta viagem?
        No último suspiro ou para além dele?
        Será que a vida foi apenas uma miragem?
        Será que do mundo saio e deixo tudo com ele?

        Será que comigo levo sonhos e ilusões?
        Em post mortem terei eu a pele gasta?
        Será que comigo levo até as mais mórbidas paixões?
        Terei eu melancolicamente a alma vasta?

        Minha alma vagueará no mundo?
       Sendo assim, permanecerei neste silêncio constante
       No meu sonho mais profundo
       Sou eu cavaleiro andante

       Às mortas lendas me junto
       Percorrendo corredores obscuros
       No fim da viagem, já eu sou defunto.

Ana Teresa dos Santos Rodrigues, nº28, 11ºD
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Tempo...

        O tempo tudo leva...
        Tudo apaga, elimina
        Até as memórias que a memória conserva.
        O tempo leva, de maneira repentina.
        O tempo evapora o mar,
        Transformando-o em deserto.
        O tempo trabalha sem parar, 
        Deixando o mundo boquiaberto.

        Esqueçam a glória
        Pois até o mais glorioso acontecimento,
        Se transforma em história,
        Com o passar do tempo.

        O tempo é cruel
        Sabe-lo toda a gente,
        Também as palavras neste papel
        Um dia desaparecerão, completamente.
                                                      Fábio Gonçalves, 10º D,  21/05/12

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…E tudo a droga levou!


        A droga foi uma má experiência
        Levou-me tudo o que possuía
        Levou-me a paz e a inteligência
        A liberdade e a alegria
       Deixou-me a miséria e a dependência
       Disfarçadas de fantasia
        Fiquei só e em decadência             
        Perdendo a vida a cada dia

        Culpo o meu desejo
       Culpo também a sociedade
       Mas na verdade agora vejo
       Que não tive força de vontade
        Por ter querido experimentar
      Para fugir da realidade
       E agora abandonar
        É a maior dificuldade


       E então vejo-me caído
       Numa valeta aleatória
      O que vivi e tenho vivido
       Não é mais do que história
       O que fui já está esquecido
      Já não me vem à memória
      A droga deixou-me vencido
      E vazio de qualquer glória


                                                                                                Fábio Gonçalves, 10º D
                                                                                     08/03/2012


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Tempos… (páginas de um diário)

Sempre sonhei ter algo para contar, mas algo com significado, algo que entusiasme as pessoas e que as faça sentir como eu me senti no momento.

A minha história de vida é simples, mas complicada. Quem é que não tem uma vida complicada?

Logo que gritamos pela primeira vez na terra, complicamos a vida dos nossos progenitores, no entanto, também os estamos a avisar da felicidade que lhes podemos trazer.

Depois, quando damos os primeiros passinhos e dizemos palavras “d’outro mundo”, os nossos pais têm a preocupação de tirar fotografias para recordar todos aqueles momentos mágicos de uma longa vida.

Mais tarde, quando completamos a primária, também completamos um ciclo de vida e seguimos para outro com felicidade e, mais importante, seguimos o aroma da aventura.
Ao longo dos anos, vamos querendo ser mais independentes, mais rebeldes e vamos querendo experimentar tudo o que o mundo tem para nos oferecer.
E agora, aqui estou eu, já com 15 anos… com 15 anos de vida! De amizades novas e velhas e outras desaparecidas… O pior é que eu desejo sempre coisas impossíveis, mas, por enquanto, ainda não é impossível sonhar!...
Eu imagino-me, por vezes, adulta a guiar um carro luxuoso ou a habitar na minha casa de sonho. E, não vou mentir, eu também me imagino com filhinhos e a passar o que os meus pais passaram comigo.
Contudo, até lá, ainda falta muito tempo e, quando a altura certa chegar, eu sei que tenho de estar preparada. Aliás, eu sei que estarei preparada.
Bem, Pinky Biju, tenho de ir dormir, eu amanhã prometo escrever-te nas tuas belas páginas e, claro, contar-te as novidades todas. E até lá, tens de me prometer que te escondes bem, porque de momento és a única a quem eu confio a história da minha vida.

Até amanhã e boa noite.

Com beijinhos forrados de linhas e abraços, tão grandes como as tuas páginas, me despeço de ti.

10.º D


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Violência no desporto

Hoje, no início do século XXI, é notável a importância do desporto na educação dos jovens em todos os quadrantes do planeta. É certo que, há algumas modalidades que movimentam mais as massas do que outras, mas em qualquer que seja vê-se que existe sempre um forte envolvimento dos adeptos. O futebol é, na minha opinião, o que está no topo da cadeia desportiva, não pela modalidade em si mas pela força dos seus adeptos e clubes desportivos. Isto gera muito dinheiro num mundo materializado. Daí, gastarem-se somas astronómicas em determinados jogadores e a grande maioria viver à “sombra”, quer em termos materiais quer em sucesso desportivo.

Se estivermos atentos às notícias dos “média”, veremos situações alarmantes que surgem dentro de um campo de futebol. Veja-se por exemplo: as claques desportivas aquando da chegada dos seus jogadores, “dão-se ao luxo” de lançarem “ very light’s”, não só para se posicionarem perante toda uma assembleia, como inclusive para impressionar e ostentar poder. É como se o campo de futebol fosse uma selva, onde a lei do mais forte impera.

 Os próprios adeptos dos clubes, excitados ao rubro, utilizam comportamentos e verbalizações impróprias e ou/inadequadas.

Há casos reais em que ocorreram agressões aos autocarros onde as equipas se deslocam; resultando daí prejuízos materiais e até ferimentos humanos, para além de alimentar toda uma sociedade consumidora de sensacionalismo, projectando para o esquecimento casos de maior relevância a nível social e político.

De qualquer forma, adepto que sou do desporto, considero que as novas gerações encontraram meios mais humanos para dissolver as arestas que existem presentemente, formando as pessoas desde cedo para o civismo, a competição e a cidadania.

Afinal, somos todos ou não “viajantes deste século”?

                                                                   Francisco Valagão, 11ºG
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O Papel da cultura na integração do ser humano em sociedade

A cultura é, de facto, um elemento intrínseco à sociedade. Todavia, não o é aos elementos que a integram.

Os padrões sociais, culturais e outros, em que cada sociedade assenta, são-nos incutidos ao longo da vida. Porém, estabelecemos os nossos objetivos e conduta na superficialidade desses modelos ideológicos, sociais, culturais… O aprofundamento do saber expande-se muito mais além.

A cultura tem, realmente, um papel fundamental na integração do ser humano em sociedade, mas também na própria realização e satisfação de cada um de nós.

A leitura é um meio de transporte para “outros mundos”, fornecendo-nos uma visão mais alargada do mundo em que vivemos – e, dizendo “mundo” englobamos o nosso país, outros países, a nossa sociedade… Além disso, a leitura - de jornais, livros… - aprofunda o nosso saber e confere-nos outras perspetivas. A escola prepara-nos como pessoas para a nossa vida futura e tenta inculcar-nos o gosto pelo saber. Poder-se-á, igualmente, fazer alusão à família, motor fundamental para o nosso crescimento como pessoas.

Contudo, os meios atuais de apropriação de cultura deixam muito a desejar!... A informação que encontramos na internet acaba por se revelar, muitas vezes, distorcida e excessiva. A televisão foca-se em assuntos superficiais e desnecessários ao nosso conhecimento (novelas, “reality-shows”…). Assim, valores superiores e hábitos indispensáveis acabam por se diluir, quando se carece de interação com a família ou procura do saber…

“Um néscio não vê a mesma árvore que vê um sábio”. Quanto mais ampla e informada é a inteligência que está por trás do nosso ver e ouvir, mais sábios somos.


Catarina GiL, 12.º B



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  A crise


O nosso país está em crise.                                                             
Há greves e manifestações,
Até há já quem avise                                                                                   
Que vão parar os camiões.

O povo está em dificuldade
E os políticos não querem ajudar.
Há quem compare de verdade
Estes tempos, com os do Salazar.

Há portugueses desempregados
E o país vai a passo de caracol.
Os únicos que estão descansados
São os jogadores de futebol.

Portugal encontra-se numa recessão,
 Os políticos andam saídos da casca...
Ainda se espantam que esta geração
Se chame de geração à rasca?

Pelo orgulho do povo português,
Temos todos de poder ajudar
 Mas pergunto-me ,se alguma vez,
Esta crise poderá terminar.



Realizado por Fábio Gonçalves, 10º D
Dezembro de 2011


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Dedos
Sobre asas de um lápis,
Passei o meu dedo indicador
E toda a sua família:
A mãe anelar, o filho mindinho,
O neto polegar e o pai magrinho
Cujo nome não me recordo eu,
nem tu,
nem ninguém.

Agregado diminuto, sim!
Mas parente de um
E todos amigos do carvão,
Procurando expressar-se bem
Para retratar o mundo
E o corpo que os contém.
Possuíssem eles inteligência própria
E seriam , por certo, em toda a parte
Aclamados pela ovação
Pelos dedos de Júpiter, Saturno e Marte
Mas como tudo tem um senão
Quem os comanda sou eu,
E a mim domina-me o coração.

Oh! Que lástima!... Que pena!
Fosse eu mais inteligente
e controlava-os com a razão
e com a mente.
Mas como tudo tem um senão,
usam os dedos o carvão
só para desenhar o que sente o meu coração...

 Daniela Romba, 12º B
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"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.", NIETZSCHE

Ensaio sobre a Loucura













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SONHO SEM FIM
Quando o homem sonha,
Sonha que é astronauta,
Estrela de cinema, cantor,
Piloto de fórmula 1,
Sonha que é dono do mundo.

O Homem sonha que é imortal,
Que é invencível,
Sonha que cai de um arranha-céus
E aterra no chão como se fosse uma pluma.

Quando o Homem sonha,
Sonha que é médico,
Enfermeiro, banqueiro,
Serralheiro,
Sonha percorrer o mundo.

O Homem sonha que é melhor,
Que é mais inteligente,
Sonha ser reconhecido
E adorado por todos.

Quando o Homem sonha
Solta-se uma descarga de adrenalina,
Ficando a vida em suspensão.

O sonho,
Aquela descarga de adrenalina
Sem fim, sem limite
Mantêm os corações a bater,
Os cérebros a pensar,
O planeta Terra a girar.

Sonhar é mágico,
Magia essa que não tem limites,
Fronteiras,
Só tem muita imaginação.

Quando o Homem sonha,
Sonha em fazer o impossível,
Sonha voar, ter super poderes,
Sonha lutar contra dinossauros,
Extraterrestres,
Sonha vencer as batalhas
Sem nunca ser ferido.

O Homem sonha ser feliz,
Inteligente, ter um bom emprego
Com um bom ordenado,
Saúde,
Sonha ser amado,
Mas esquece-se de amar.
Quando o homem sonha,
Sonha só nele,
Esquece-se dos que ama,
É egocêntrico e egoísta.

Mas quando uma criança sonha
Há magia, há um mundo sem guerras,
Há paz e amor.

Quando o Homem concretiza o sonho
Faz questão de dizer a todos,
Até mesmo a quem não conhece,
Por vezes diz a toda a gente
Menos às que o amam.

Quando uma criança concretiza o sonho
Só diz a quem confia,
Mas primeiro vai contar a quem ama,
Para poderem pular, gritar
E festejar juntos.

Como é que aquela descarga de adrenalina
Muda tanto de uns anos para os outros?
Como é que aquela magia
Muda de sentido?

Sonhar é acreditar em fadas,
Duendes, dragões, bruxas,
Sonhar é acreditar no impossível.
Sonhar é ter amigos
Que não são de carne e osso,
É ter medo e imaginação
Ao mesmo tempo.
Quando o Homem deixa de sonhar,
Deixa de acreditar na magia,
Deixa de acreditar em fadas,
Duendes, dragões, bruxas,
E começar a acreditar só no que é visível.

Quando o Homem deixa de sonhar
Deixa de ter esperança,
Começa a ter só a solidão,
Fica sozinho e abandonado.

Quando uma criança deixa de sonhar
NUNCA! Ela credita sempre
No seu amigo imaginário, nas fadas,
Nos duendes, nas bruxas,
Nos monstros debaixo da cama,
No bicho papão,
No velho da saca,
Por que afinal a imaginação das crianças
Não tem limite.

Afinal, o sonho comenda
A vida, o pensamento,
A esperança, o medo,
O bater do coração,
Quando deixamos de sonhar,
Significa que morremos psicologicamente.

Não é preciso estar a dormir
Para se sonhar
Basta um pouco de imaginação.

                                                              Sandra Mestre, 12º B
                                    VI Concurso Literário Pinheiro e Rosa - 2º Prémio (Poesia)
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Ser civilizado é ser feliz?
            A inovação surge, cada vez mais, como o motor da capacidade de desenvolvimento do ser humano, que tenta constantemente superar-se a si mesmo. A descoberta, o investimento e o uso a ela inerentes têm vindo a provocar mudanças a nível social nunca antes vistas. A questão que fica em suspenso é, precisamente, se todo este desenvolvimento proporciona resultados positivos, ou se, pelo contrário, pode provocar danos irreversíveis.
Ao longo da História da Humanidade, é possível observar nitidamente que a nossa própria existência se encontra intimamente ligada à evolução e ao desenvolvimento, tanto a nível do próprio ser humano como daquilo de que ele se faz rodear. È inquestionável que todo o progresso de que temos sido alvo não é mais que um mecanismo de adaptação ao meio. Na realidade, as nossas criações têm um objectivo consciente e intrínseco: proporcionar-nos conforto e segurança, de modo a que nos adaptemos de forma eficiente. Assim, apesar de nem tudo aquilo em que investimos ser o necessário, é muitas vezes o que nos faz sentir bem.
            Toda esta tecnologia tem levado à expansão do nosso ser, tanto a nível físico como psicológico. Fisicamente, nunca foi fácil estar no outro lado do mundo em poucas horas ou observar monumentos, museus e patrimónios como é hoje em dia e, no entanto, queremos sempre mais. Já psicologicamente, nunca a liberdade de pensamento e a luta contra preconceitos tiveram a proporção que têm hoje em dia, nunca se verificaram tantos costumes diferentes num mesmo local, nunca a aculturação teve tais dimensões e, principalmente, nunca se perderam tantos traços culturais como nos nossos dias. Deste modo, será que devemos mesmo admirar aquilo que criamos?
Ao que parece a vida surge-nos facilitada com tudo o que é oferecido. A partir do momento em que ingressamos no ensino, são-nos exigidos instrumentos facilitadores do pensamento. Sim, calculadoras que nos hipnotizam com a facilidade de realizar cálculos e nos torna suas escravas e computadores que desvalorizam a escrita à mão e tornam tudo demasiado impessoal. No fundo, acabamos por nos tornar seres mecanizados e programados, cujo stress atinge níveis inimagináveis, chegando mesmo a aniquilar. Assim, o que nos deveria auxiliar, rouba a nossa identidade, humanidade e saúde.
O facilitismo assume-se, então, como uma ilusão, pois acabamos por complicar o que deveria ser simples: a vida. Em toda a nossa existência, nunca precisámos de ter um telemóvel sempre por perto, no entanto, actualmente é impensável sair de casa sem este. Tornámo-nos escravos e dependentes das inovações. Tornámo-nos servos de instrumentos antes dispensáveis. Tornámo-nos, por fim, vítimas da nossa ambição.
Enveredamos numa ininterrupta busca pela novidade que nos ilude ao ponto de tudo o resto se tornar num dado adquirido, isto é, aquilo que não é novo deixa de ter todo o valor anteriormente atribuído. A complexidade e opulência tecnológica tornam-se dominantes. Deixamos de ser senhores da nossa vida para viver, então em função de uma mera criação.
Por outro lado, a imensidão de sabedoria que condensamos numa invenção é, por vezes, algo perigoso. Com a sabedoria vem da responsabilidade, e quem melhor que a própria História para provar o quão irresponsáveis podemos ser? Cientistas e mecenas aplicaram meses, anos e décadas da sua vida em função de grandes criações, como a Bomba Atómica ou a bomba de Hidrogénio, e qual foi o resultado? Morte. Este é o inevitável efeito que resulta da má apropriação tecnológica. A verdade é que todo e qualquer engenho pode causar o maioer impacto nas mãos erradas, e é essa a noção que o ser humano tem vido a perder, piouis o que lhe é oferecido supera a sua própria moralidade.
Esta avassaladora ambição e obsessão pela descoberta aniquilam a racionalidade. A verdade é que queremos aumentar o luxo, o requinte, a obediência e a perfeição daquilo que criamos, mas não nos apercebemos que quem realmente vive em necessidade não precisa de nenhum desses elementos. Na nossa Ocidentalidade aconchegante é impensável ter um computador de 1999, lento e facilmente ultrapassável por um do novo século; no entanto, noutros países, um computador de 1995 seria uma dádiva! E quem diz um computador diz qualquer outra invenção da nossa cultura, pois num mundo extremamente civilizado até a comida deve ser apresentada com todo o requinte possível, enquanto outros nem a podem ter na sua maior simplicidade.
Lutamos incessantemente por afirmarmos perante o mundo, queremos marcá-lo com a nossa identidade e informar a todos sobre tudo. No entanto, ninguém quer perceber que talvez estejamos a contribuir para fenómenos que evitamos proferir, isto é, toda esta exagerada partilha de dados origina inseguranças e perigos que nunca antes foram alargados à escala global como acontece hoje em dia. As redes de tráfico, de prostituição ou mesmo de pedofilia expandem-se e vitimam cada vez mais indivíduos e, no fundo, estas pessoas só queriam dar a conhecer a sua personalidade a demasiada gente.
A inovação é indispensável, mas perigosa. Salvamos vidas com novas descobertas, com novas invenções, mas também as destruímos com a ambição de sermos os precursores desse descobrimento. Será mesmo que ser civilizado é ser feliz? Esta é a derradeira questão. São-nos oferecidas inovações, mas ninguém nos avisa que isso não é o suficiente e o problema é que, demasiadas vezes, as pessoas entendem que para se sentirem completas devem modernizar-se ao máximo. O grande segredo que desconhece é que a felicidade está no original, não no mecanizado.
Assim, devemos descobrir racionalmente. Devemos perder tempo a escrever uma carta à mão, repleta de identidade. Devemos agradecer pelo que temos e ambicionar por mais, mas de uma forma saudável. Devemos, acima de tudo, dedicar-nos a quem nos é igual, e não a uma máquina. É assim que a felicidade é atingível, não de um modo ilusório e tecnológico, mas sim na própria essência humana, nesse elemento que nos permite afirmar, orgulhosamente, únicos e pensantes.
Ser civilizado não é ser feliz, não enquanto não formos capazes de agir em conformidade com o bem comum. Um dia a utopia da perfeição poderá, finalmente, moldar a realidade. Nesse dia o ser humano será consciente dos seus limites, dos seus deveres e do poder das suas acções.

                                                       Andreia Gonçalves, 12º E
                       VI Concurso Literário Pinheiro e Rosa – 2º Prémio (Prosa)

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     Amar incondicionalmente é uma possibilidade não uma obrigação, por isso ame e seja amado, mas não entregue a chave do seu coração e faça de alguém um afortunado, seja simplesmente fiel e sinta-se apaixonado.
Um Louco? Um Louco sente-se perante um abismo interminável - o abismo que provavelmente indica como futuro. Sobre si, o vazio em que caiu durante longos anos para chegar onde está agora. A olhar para o infinito, lugar onde sabe, e não sabe, o que Deus lhe poderá reservar. Tanto tempo para só existir vazio num lado e contradições e paradoxos noutro. Tem uma vida incerta! Um futuro incerto!...
O Louco, porém, caminha calmamente, tentando manter a lucidez nesta insanidade inexplicável, onde caminhos distintos o guiam, para o nada e para o tudo. O que terá ele atingido? O que irá ele atingir? Ele pensa e existe. Para quê? Para que a escuridão se apodere das suas capacidades, dos seus pensamentos, das suas vontades? Só o tempo dirá o que lhe reserva. Quanto mais pensa, mais próximo da infelicidade o louco se sente. Só a vida lhe dá razão para desejar a morte. Nasceu, cresceu... Vive, envelhece e, inevitavelmente, morrerá. Será a morte o momento em que irá descobrir que, no fundo, era mais do que uma mísera existência para todos? Aí, provavelmente, já será tarde demais!
O Louco teme nunca ter um valor reconhecido durante a sua vida. Teme nunca ter feito algo na vida. Teme nunca ter tomado as decisões certas. Do que lhe serve a falsidade e hipocrisia? Só mesmo para preencher o abismo, que dá razão à sua quase inexistência perante o mundo que o circunda. Tantas questões!... Remotas respostas...  O louco pode tomar decisões e profetizar futuros, mas não tem o controlo sobre o resultado das suas ações. A vida remete-se a hipóteses, indetermináveis pela matemática e pela lógica. O Louco, porém, crê que em nada crê a não ser na realidade que mais parece um pesadelo concreto e divinamente sarcástico.
O Louco é tudo, menos ignorante. Maldita é a maldição que o torna pensativo. “Ó doce ignorância, onde estais vós quando preciso?”- clama o louco.
O Louco renega a realidade, pois não lhe agrada o que vê nela e combate a verdade. Nada o fará parar. Tudo o remete para dúvidas, que o impedem de agir.

Miguel Nobre Chagas, 12º A
novembro 2011
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O voo da felicidade
     Traz-me um copo de água, Horácio... - É para já, minha senhora.
     Os seus passos ecoavam pela sala pouco mobilada enquanto se dirigia à mesa, donde entre as garrafas de brandy, uísque, conhaque, champanhe e gim - ah, o placebo deste século - retirou o jarro cheio de água cristalina que deixou escorrer para o copo de cristal que segurava na outra mão e, serenamente, entregou-o a Andreia Ribeiro. A madame pareceu recuperar alguma vitalidade que apresentara em tempos. Passava a mão pela cara delineada por rugas não de velhice, mas de uma amargura e cansaço que só a vida (e a morte) dá. Rugas sulcadas pelos rios de lágrimas que se estendiam desde o sobrolho e culminavam ora na boca, ora no seu queixo suave. - Faz vinte anos hoje. - Bem sei, minha senhora. Não deixei de reparar que hoje de manhãzinha deixou mais uma das suas folhas na campa que fez no jardim. - Ah, Horácio, são tantas que se eu mantiver a tradição serei considerada a mulher mais velha deste mundo! - Porventura não se pense que haja algo que resista ao tempo. Nem homem, nem mulher... - Nem máquina! - Nem o próprio tempo, senhora.
A desgostosa vúva, devolveu o seu olhar ao monte de páginas espalhadas pela mesa inglesa de abas redondas que decorava o centro da sala. Páginas soltas, velhas, amareladas e muitas delas amachucadas compunham a pilha central. Uma letra fina e cuidada dava vida e significado a folhas que sem ela não seriam mais do que simples folhas brancas. Horácio Figueira seguiu o olhar de Andreia e pegou numa das folhas. - O Sr. Francisco tinha uma bela letra... - E de que lhe serviu, Horácio?
O mordomo, depois de pensar por um instante, respondeu: teve uma bela esposa. - Mas não por muitos anos... - suspirou Andreia afagando o peito. - Começámos a namorar em Novembro de 1881, estava ele já a começar a sua carreira como escriba. Mas eu já o conhecia há alguns meses. Notabilizava-se pela sua letra cuidada e rapidez com que escrevia os mais variados documentos, registos e cartas. - Assim deixou ele vasto legado. - Oh, folhas e mais folhas que me presenteiam apenas com a letra do meu marido! Quantas vezes mais seriam preferíveis os homens, que os legados que deixam à sorte deste mundo cruel e que, faz a regra, acabam por se desmoronar e apagar perante a passividade e ignorância desoladoras de uma sociedade evenenada pela corrupção e pelo materialismo! Afinal, são só folhas com letras! - Ao menos servem de consolo, senhora. - Não, seriam mais úteis se nem existissem. Ao menos assim podia esquecer-me. A sala ficou silenciosa durante breves instantes, até que a viúva retomou o relato. - Mas como eu ia dizer, já corriam rumores pela cidade de que ele iria arranjar logo lugar num posto administrativo e as ofertas corriam. - E com toda a razão, afinal tinha grandes capacidades. - Sim, tinha uma excelente prestação e os diplomas eram provas que a atestavam. Sempre se maravilhara com as folhas, com os seus vários tipos e formas. Para ele, a caligrafia era mais do que um mero trabalho ou arte, era parte da sua vida. - Nem todas as pessoas se podem orgulhar de ter prazer com o que fazem. - É verdade, mas quanto maior é a vontade e a paixão por algo, mais difícil é largá-lo e reconhecer que é passado. Nos finais do século XIX a vida corria bem. Francisco já era reconhecidíssimo pelo empenho que dedicava a todos os seus trabalhos, até aos mais simples e humildes. Paralelamente ao seu trabalho administrativo, respondia a vários pedidos para escrita de cartas, panfletos e manifestos. O seu trabalho passava de boca em boca e o que ao princípio eram simples pedidos, tornou-se rapidamente num negócio de dimensões consideráveis. Escritores, joornalistas, políticos, professores, todos aqueles que se regem pelo seu papel - O suporte da burocracia e demais afins da sociedade... - vinham todos bater à nossa porta, até que, acabámos por arrendar um pequeno edifício onde o Francisco os pudesse receber. - Não posso deixar de comentar que me parece que foi uma época feliz, ou discorda? - Talvez devessem ter sido meros dias normais. Sabes como é, se não se for verdadeiramente feliz, também não se sofre com dias menos felizes. É como um torpor que ao menos protege da dor real. Mas a situação em breve mudaria. Aquilo que eram dezenas de pedidos, passou a meia-dúzia deles, a montanha de folhas que descansava sobre a secretária do Francisco, tornou-se num pequeno monte e este, sem montanha para escalar, passou a  repousar a cabeça sobre esta. - Ao menos passou a descansar mais, ele era um homem algo ansioso e irrequieto. - Pois, Horácio, mas a homens desses, não se aconselha o descanso. Quando a vontade que se encerra num homem não é consumida pelas suas actividades, acumula-se e ela própria encarrega-se de o consumir. É um jogo perigoso, tanto para o que luta, como para quem assiste incapaz. Ainda penso, se não podia ter feito algo mais... - Não se recrimine, senhora, que a culpa não foi sua. - Eu não me culpabilizo por ter provocado tal desmoronamento, mas é certo que fui parte integrante na omissão do problema, ou pelo menos não contribuí de forma razoável na tentativa de resolução. - E para si, quando é que seria razoável? - Quando o tivesse resolvido. - Mas há coisas que fogem ao nosso encargo e capacidades. - E quem define os limites destas? - Deus? - Ah, já sabia que virias com essa lengalenga. - Então, simples, as coisas são como são. - Para isso não me tinha levantado da cama. - Mas levantou-se... - Ai, chega de angústias existenciais! O que é certo é que a tal máquina roubou-me o marido! - E há quem diga que até o prazer de escrever desapareceu com ela. - Uma máquina de escrever, não passa de uma máquina de escrever. E um homem pode ser tanto, muito ou pouco, um marido, um amigo, um trabalhador, um pai... E, no entanto, enferruja mais depressa do que uma máquina dactilográfica. - É a efemeridade da vida. - Quando surgiu a máquina de escrever e esta começou a ser distribuída em série, começou a ficar claro que o Francisco não teria tanto espaço de manobra no negócio. Embora os primeiros modelos deixassem muito a desejar, os predecessores deslumbravam pelo seu aspecto fino, pelo retinir que faziam e, infelizmente, pela velocidade com que permitiam redigir qualquer documento. A princípio, sem capacidade para alternar entre maiúsculas e minúsculas, depois já com mais esse apetrecho e um design ainda mais atraente. Quase todos os contactos e associados do Francisco afastaram-se do seu negócio, como se fossem meros transeuntes que nunca tinham firmado qualquer acordo com o meu marido. - Se a generosidade é benemérita, a ingenuidade paga-se cara e foi o que aconteceu ao seu marido, senhora. - Pois, entre desculpas de mau pagador e advogados matreiros, o ataque aos bolsos do meu Francisco, foi tão grande que chamá-lo de extorsão seria eufemismo. Até um dos seus maiores clientes, chegou a dizer em tribunal que não o conhecia! - É preciso ser muito desavergonhado para tal! - E gostar ainda mais do dinheiro. Mas ele também não tinha grande queda para os negócios e para jogadas de bastidores... - E bem sabemos que esse mundo é feroz. - Embora fosse feroz, Horácio, o Francisco era um homem lutador, ele sabia o que queria. Inventou os mais diversos estratagemas e aplicou-se ainda mais, se era possível, ao seu trabalho. Falava com  as pessoas nas ruas, ia a escolas, cafés, praças, todo o sítio onde houvesse concentração de pessoas, esperando ansiosamente que alguém lhe respondesse. Ainda o acompanhei nalgumas dessas caminhadas, mas eram demasiado frenéticas e eu não conseguia acompanhar o seu passo. Quando o Francisco regressava a casa, já o Sol desaparecera atrás do seu sorriso. Vinha algo cabisbaixo e subia lentamente a erma rua até à porta de casa, sempre à cadência dos seus pensamentos. - No outro dia estava como novo. O descanso revitalizava-o. - Não, eu acho que o sonho era apenas mais uma oficina onde ele trabalhava, de forma a arranjar novas soluções para o problema em que nos afundámos. Ele tentava de tudo para que eu levasse uma vida desafogada, longe de preocupações. No entanto, pelo que me fui apercebendo, só aos mortos é dado esse direito. - Nem mais. Não bastou também muito tempo, para que fosse despedido do emprego administrativo, por se atrasar no cumprimento das suas funções. - É verdade, se bem que, a sua incapacidade para trabalhar com a máquina de escrever tenha facilitado a decisão do seu chefe em despedi-lo. - De forma injusta, pois o senhor Francisco sempre trabalhara todos os anos com afinco, cumprindo e até superando aquilo que lhe era proposto. - Parece que o critério de mérito e recompensa anda de pernas para o ar, não é assim Horácio? Basta que o indivíduo chegue a horas, ponha um sorriso, componha a gravata, bajule o chefe e faça um trabalho a rasar o suficiente, para que caia nas boas graças e dê uma boa impressão, ainda que forjada a incompetência e falsidade, da instituição que representa, tendo depois a vida garantida para os anos que lhe restem. - Nem mais senhora. - Foi um grande golpe nas nossas finanças e ainda mais para o Francisco que se viu de mãos vazias, sem nada para fazer, sem função numa sociedade, que não aceita muito bem quem nada faz. - Ou, pelo menos, quem não faz aquilo que é pretendido. - Sim. Poucos dias depois dessa trágica notícia, qual não foi a minha surpresa, quando vejo o Francisco a entrar em casa com uma caixa e a tirar desta uma máquina de escrever. - Talvez quisesse tentar novamente, para ver se conseguia ser ágil o suficiente de forma a arranjar um trabalho. - Mas nunca conseguiu. Penso que não foi tanto por incapacidade, mas sim porque ele gostava realmente do contacto que tinha com a folha de papel. Algo que não conseguia através da máquina de escrever. Como não conseguia, ficava frustrado, erguia os punhos contra a máquina, rasgava as folhas de papel e começava a escrever à mão. Quando se apercebia que não estava a fazer progressos, saía e voltava com uma nova máquina de escrever. Nem imaginas a quantidade destas que se podiam encontrar abandonadas naquela altura. - Acredito. Um produto na altura em que é lançado, apresenta sempre os seus defeitos e fragilidades, que depois têm de ser corrigidos. - Tal como o homem, Horácio. Eu bem tentei ser optimista e acalmá-lo, mas o poço de amargura para o qual ele se lançara, era já muito fundo e eu não conseguia alcançá-lo. Começou a desmontar as máquinas peça a peça, depois reconstruí-as com a ajuda de manuais ridiculamente abissais. Quando lhe perguntava o que pretendia com tudo aquilo, ele respondia sempre que queria perceber a máquina. Remexia freneticamente na máquina como se de um corpo se tratasse, procurando incessantemente por algo nas suas entranhas, algo que o fizesse perceber como fora ultrapassado por algo assim.
Andreia e o seu mordomo, caminhavam agora vagarosamente em direcção ao jardim. - Mas, por mais que procurasse, o desejo de achá-la nunca se concretizou. - Achá-la, senhora? - A resposta, Horácio, aquilo pelo qual cada um anseia, mas que não se tenta alcançar em conjunto. - A felicidade. - Nem mais, Horácio.
Estavam agora os dois, ao lado da campa de Francisco Alberto, olhando as poucas folhas que não tinham voado com o vento que surgira no início da tarde. Andreia Ribeiro voltou para o interior da sala, donde surgiu depois com um monte de folhas que se encontravam antes sobre a mesa. - Ajuda-me a colocá-las, Horácio. - Mas senhora, com o vento que se começa a erguer não sei se resistirão muito tempo aqui. - Que voem, então! Numa sociedade em que o homem é tão descartável como uma máquina, ao menos este tenha a oportunidade de voar, nem que seja por um mísero bocado.
Miguel Saragoça Martinho, 12º A  

                       VI Concurso Literário Pinheiro e Rosa - 1º Prémio (Prosa)
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O DELEITE ONÍRICO

a noite quebra no silêncio
de um sonho que fica no vazio da mente
de uma vagabunda
que adormece no cálice de absinto,
no filtro do cigarro,
sem saber demarcar o seu destino.

gosto de sonhar contigo amor.
as pétalas abrem-se
no derramar da água da Lua sobre elas,
escorrem as gotas cintilantes, uma por uma,
e ouço os sorrisos das rosas
no teu olhar.

amo-te.

mas quem disse que o sonho comanda a vida
tortura-me em facadas egocêntricas.
o onírico alucina
na esperança,
no amor,
no calor dos teus braços,
na humidificação dos teus lábios
por entre beijos.
e é cruel!
e a dor não se faz na brisa da noite
repleta de estrelas, de luas,
de morcegos que estonteiam, nas ruas, sem poderem contemplar a sua liberdade…
a dor permanece.

quando sonho tu amas-me também,
quando acordo sou vazio.

Susana Sousa, 12º D  
                                                     
                       VI Concurso Literário Pinheiro e Rosa - 1º Prémio (Poesia)
    A estação favorita da maioria da população, o Verão, tinha começado há relativamente pouco tempo. Fazia calor e corria uma leve brisa, que fazia os caracóis perfeitos de Alice voarem em direcções opostas, e as suas madeixas de tonalidades tão quentes e fortes misturavam-se e faziam parecer que ela possuía todo o poder à face da Terra. Contudo, Alice, uma mulher jovem e solteira já há algum tempo, como qualquer outra mulher, esperava o seu amado. Amado tal que para ela tinha que ter determinadas qualidades e uma personalidade especifica. Gostava de homens altos, engravatados, ou pelo menos com bom aspecto, que tivessem sempre a barba feita e um aroma semelhante ao do empregado de mesa do café onde ela todos os dias tomava o pequeno-almoço. Gostava, também, que fosse divertido e tivesse humor, humor que não utilizasse para piadas inapropriadas, e que a elogiasse. É verdade, Alice era simples mas era vaidosa, e queria ter sempre a certeza de que não havia mulher alguma com melhor aspecto do que ela. Talvez e apenas por isso, aos 29 anos ainda estivesse por casar.
    Em pequena dizia à mãe, enquanto esta lhe escovava o cabelo e lhe vestia um vestidinho feito pela mesma, '' Quando for grande, vou casar, mas não quando for velha, apenas quando for grande! " e a mãe dizia-lhe que isso logo se veria, com o passar dos anos.
    Alice, já sentada na mesa que fazia esquina com a janela virada para o Rio, pediu o seu habitual café e a sua tosta mista matinal. Enquanto aguardava a chegada do seu pequeno-almoço, viu um senhor que parecia corresponder a todas ou a quase todas, como hei-de dizer, qualificações. Este entrou no mesmo espaço onde Alice estava, e por mero acaso ou não, sentou-se na mesa mais próxima da dela.
    Quer acreditem quer não, durante 68 dias sentaram-se os dois naqueles precisos lugares, sempre à mesma hora e tomavam cada um o seu pequeno-almoço sem retirar os olhos de cima um do outro. Parecia que não conseguiam desviar o olhar ou não dar muito nas vistas. Eles não se importavam.
   Tomás foi homem o suficiente, para se sentar ao pé de Alice e iniciar conversa, e ali ficavam todo o santo dia, cerca de duas horas, sempre a conversar, sobre tudo e sobre nada.
   Cheira-vos a um certo romance no ar, não? Pois, foi mesmo isso que aconteceu, apaixonaram-se.
Planearam viver juntos e assim foi, a 23 de Outubro, passaram a morar os dois juntos na casa de Alice.
Eram um casal tão bonito. Quando passeavam nas ruas, de mãos dadas, as outras pessoas não escondiam a admiração que tinham por eles. Pareciam ter nascido um para o outro. Era bonito de se ver.
   A meu ver, Tomás começou a perder o interesse em Alice. Porém o interesse dela por ele começava cada vez mais a aumentar, e a aumentar e a aumentar.
   Alice sustentava-o e nem dava por isso. Ela transbordava de amor por ele. Quando o via o mundo era perfeito e a paz  cobria esta perfeição. Ele sabia que a namorada achava que ele era o homem da sua vida, mas sejamos honestos, não era.
   Tomás escondia o seu desprezo pois a sua suposta amada lhe dava tecto, comida e carinho. Dava-lhe tudo isso, até que um dia lhe deu um filho. Alice comprou uma dúzia de revistas sobre bebés, seis livros de nomes, e até fez uma cartolina a dizer que Tomás ia ser pai. Quando este vê tudo aquilo na sua sala de jantar, leva as mãos à cabeça e chora. Ele não sabia ao certo o que fazer.
   Durante 38 semanas, Tomás tentou ser o melhor namorado do mundo e Alice reparou no seu esforço. Sim, esforço, Alice já tinha percebido tudo e questionava-se a todo o momento como seria quando Margarida nascesse. Margarida, foi o nome que escolheram, pois dos 6 livros que Alice comprara fora o que mais alegria lhes trouxera.
   Alice foi mãe de uma menina saudável, que era tão bonita, era ruiva de olho claro, media 54 centímetros e pesava exactamente 3 quilos.
   Quando chegou a casa, Tomás estava sentado no sofá à sua espera, de malas feitas.
   Beijou a testa de Margarida de uma forma tão carinhosa que até o próprio mundo desconhecia.
   De seguido pegou na mão de Alice e disse:
- Posso já não te amar, mas amo a Margarida incondicionalmente. Amo-a de coração cheio. Sei que não posso ter a chave do teu coração nem ser um afortunado, mas também sei que não mereço nada disso. Quero apenas ser o homem da vida da nossa filha e para que isso aconteça não posso estar aqui. Conta a Margarida tudo, mesmo tudo, sei que ela vai perceber mesmo que não compreenda de início, porque sinto que é uma grande mulher e  forte tal como a mãe.
   Amei-te e agora vou amá-la !
Filipa Teixeira 10ºD
Escola Secundária de Pinheiro e Rosa
Projeto “Entre Linhas”


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Um planeamento de várias semanas para um assalto teve o seu início num dia normal de uma semana.
Os quatro homens estavam equipados com armas, disfarces e mapas do local de assalto.
Às 10:00 da manhã, quando o banco acabara de abrir – Vamos lá roubar aquele banco?
-Sim, vamos dar início ao assalto.
Entrando calmamente, escondendo a cara das câmaras de vigilância, chegaram ao balcão. Os 4 homens tiraram as suas armas e gritaram a todos que se deitassem no chão.
Ordenaram à senhora do balcão que abrisse o cofre e que enchesse os sacos com todo o dinheiro que conseguisse.
A certa altura, ainda durante o assalto, as forças especiais entraram no banco, tentando salvar o máximo número de reféns possível.
Ao fim de 6 horas, as forças especiais finalmente conseguiram acabar com aquele horror, com 3 vítimas mortais, duas delas dos assaltantes.
Mais tarde, na esquadra, os inspectores, sem saberem qual dos assaltantes tinha morto a vítima, fizeram os interrogatórios individuais. 
-Foste tu que o mataste? – perguntou o inspector.
-Não! Eu juro! – disse um dos assaltantes.
-Então se não foste tu, se colaborares connosco e disseres quem matou aquela mulher, nós reduzimos-te a pena.
-Ok, mas aviso já que não foi nenhum dos homens do nosso grupo – disse ele.
-O quê?! O que é que queres dizer com isso?
- Um dos vossos agentes das forças especiais é corrupto, foi ele que matou a mulher.
-Ah? E como é que tu sabes isso? – perguntou o inspector.
-Eu já o conhecia antes de eu e o meu grupo começarmos a nossa vida de crime. – afirmou o assaltante – ele consumia as drogas que a polícia recolhia em operações, ou de aeroportos. Quando ele entrou dentro do banco gritou “estou aborrecido!!” ,já drogado, agarrou na vítima e tentou beijá-la. Ela recusou-se e deu luta para ele a largar, deu-lhe um valente soco, o agente atirou-a para o chão tirou a sua arma e deu-lhe um tiro.
-Isso é impossível! – gritou o agente.
-Então ponham-no no polígrafo e comparem as balas de dentro da vítima com as balas da arma do agente. – disse ele.
Seguindo o conselho do assaltante confirmaram que as balas que estavam na vítima pertenciam à arma do agente e com um polígrafo confirmaram que ele consumia as drogas que eram consideradas provas de tráfico de drogas.
No dia do julgamento, o agente foi culpado de homicídio, consumo de drogas e de corrupção. Enquanto ao assaltante, foi também para a prisão com uma pena mais reduzida, mas continuando com o peso na consciência de que se não tivesse feito o assalto a vítima ainda poderia estar viva.

Afonso Barreira Nº2/10ºD       
Escola Secundária de Pinheiro e Rosa
Projeto “Entre Linhas”  
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Carlos, todos os dias, dedicava uns trinta minutos da sua hora de almoço para ajudar pessoas idosas a atravessar uma das estradas mais movimentadas da cidade. Os carros passavam cheios de pressa e, mesmo assim, a pouco e pouco, ia entrando na estrada para conseguir fazer parar alguns carros. Às vezes levava uns longos dez minutos de espera até que algum carro tivesse a gentileza de parar. Sujeitava-se a vários buzinões e alguns insultos de condutores apressados.
O patrão de Carlos começou a reparar nos múltiplos atrasos e certo dia perguntou-lhe: - O que é que se passa que todos os dias ultrapassas a hora de almoço? e Carlos, meio atrapalhado, respondeu : “-Eu, em vez de perder tempo a procurar o restaurante ideal para passar a hora de almoço, todos os dias vou ajudar pessoas idosas a atravessar a estrada. Custa-me passar na rua e vê-los assim, abandonados, em desespero porque nenhum carro lhes dá passagem, ninguém tem esse cuidado, parece que não existem…” O superior de Carlos, mostrou-se compreensivo e deixou-o ir.
Já passava do atraso normal de Carlos, a preocupação surge no gabinete da direcção. Carlos repara que está bastante atrasado e, em desespero, atira-se para a estrada para que uma humilde senhora atravesse a passadeira para conseguir apanhar o autocarro para a consulta do médico. Um condutor distraído vai a falar ao telemóvel e o pior acontece, atropela Carlos. A humilde senhora, cujo nome é Arminda, fica sentida, pois não houve nenhum condutor que tenha tido a decência de reparar na sua existência e ceder-lhe a passagem, ficando-lhe assim grata para toda a vida. Dentro de Arminda, não só nasceu um enorme sentimento de gratidão para com Carlos, como nasceu um sentimento de enorme revolta pelas razões que levaram ao acidente e decidiu ir falar à TV sobre como a população não se importava com ninguém, de como havia um desinteresse pelo outro. Depois do sucedido, todo o povo sentiu revolta por a vida de Carlos ter sido tirada assim, pela indiferença que se sentia. Depois do funeral de Carlos, como maneira de o homenagear, todo o santo carro parava quando via alguém na passadeira. O sentimento de indiferença tinha desaparecido.
Carlos marcou a diferença, mas foi pena que para isso acontecer tivesse que ser tirada uma vida a alguém.




Miguel Dionísio
10º D nº15
04-Fevereiro-2011
Escola Secundária de Pinheiro e Rosa
Projeto “Entre Linhas”

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Texto 1
Ele foi-se embora.
Já não tinha nada que o prendesse ali e fugiu para não ter que voltar a ser a mesma pessoa, para não ter que fingir ser alguém que não era ele.
Fugiu para recomeçar.
Tinha 20 anos, mas já há 4 que conhecia o seu novo eu, a arrogância e egoísmo eram pormenores da sua difícil personalidade. Fora estudante, mas já não o era, tinha-se deixado cair na decadência de uma vida sem rumo.
Passava dias deitado, mas em certas alturas chegava a sair e passear pelo bairro, e foi aí, num desses dias em que a conheceu, ela, com cara de menina, sorriso rasgado, começou a conhecê-lo, conseguiu fazê-lo dar-se a conhecer, ofereceu-lhe apoio incondicional, achava que ele merecia uma oportunidade de recoemçar, que estava na altura da vida lhe dar uma nova oportunidade de viver.
Ela insistia em ajudá-lo, mas ele, não aguentou, e abondonou-a, abandonou tudo o que conhecia e tudo o que em tempos conheceu

Texto 2
Sempre fora ele
Um ele que desapareceu,
Um ele que se perdeu
Sempre foi algo, alguém

Era dia e ela chegou como a noite
Súbita e rapidamente
Leve, como que um sonho,
Chegou assim, sorridente

Ela era ele, ele era ela
Juntos fizeram-se crescer,
Juntos fizeram-se conhecer,
Juntos lutaram

Era tarde, muito tarde,
Ele, não conseguiu aguentar,
E assim, foi para longe,
Quis-se afastar

Ela lutou e apoiou
Ele simplesmente fugiu (nem tentou)
Foram dois caminhos,
Ele seguiu, ela ficou.
Marta Sousa, 10ºD nº14
Escola Secundária de Pinheiro e Rosa - Projeto “Entre Linhas”

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O Assalto
Os assaltantes entraram armados com Kalashnikov, com cordas, coletes à prova de bala e sacos. As pessoas que se encontravam no banco ficaram em estado de choque, não sabiam o que fazer e os assaltantes obrigaram todas as pessoas a deitarem-se. Após os assaltantes terem amarrado todas as pessoas aos pilares que estavam no interior do banco, a polícia chega ao local armada com M4A1 e escudos à prova de bala enquanto que os snipers estavam em pontos estratégicos em cima de prédios, de modo a controlar a situação que se passava dentro do banco.
Os polícias tentavam convencer os assaltantes a soltar os reféns, mas eles estavam dispostos a ficar com os reféns. Um dos reféns que costumava andar com um canivete, conseguiu cortar a corda que estava a amarrá-lo e escondeu-se atrás de um balcão sem que os assaltantes o vissem. Este refém era um polícia que estava fora de serviço e tinha apenas o canivete. Um outro refém pediu a um assaltante para ir à casa de banho. O assaltante, após pensar um pouco, decidiu-se, desamarrou-o e foi levá-lo à casa de banho. Quando o assaltante estava de costas para a saída da casa de banho, o refém que era polícia atacou o assaltante por trás, deixando-o inconsciente. Entretanto, um outro assaltante vai encher os sacos com dinheiro enquanto que o terceiro assaltante vigiava os reféns e a entrada do banco. Os dois reféns que estavam soltos esconderam-se para ninguém os ver. O assaltante que estava a vigiar reparou que o seu colega estava amarrado e foi desamarrá-lo., Nesse preciso momento, a polícia entra e dispara em direcção ao assaltante que cai no chão e fica imóvel. O assaltante que estava a recolher o dinheiro foi algemado pelos polícias. O assaltante que estava amarrado consegue soltar-se e agarra numa arma que estava ao pé e dispara para todo o lado, ferindo 5 reféns e 2 polícias, mas acabou por morrer com um tiro de um dos snipers que estava em cima de um prédio.
O resultado deste assalto foi a morte de um dos três assaltantes, um assaltante ferido, dois polícias e cinco reféns feridos. Os dois assaltantes foram presos por 20 anos por tentativa de assalto, tentativa de homicídio e uso de armas ilegais. Os reféns receberam uma recompensa e sessões grátis de psicólogo. Os reféns que se conseguiram soltar para ajudar nesta operação receberam uma recompensa em dinheiro, sendo que o refém que era polícia foi promovido para chefe da secção de assaltos da sua cidade e teve também um aumento de ordenado.

João Campina nº12 10ºD
Escola Secundária de Pinheiro e Rosa
Projeto “Entre Linhas”
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Sonho
(Voz fininha de criança)
Olá! Eu sou o Salvador e tenho um sonho. Sou pequenino e quero ser professor. Não um professor qualquer, mas um de corpo e alma.

Quero ensinar tudo o que sei, usufruir da minha sabedoria em prol dos outros, ensinando-lhes o que puder. Desejo passar a minha vida dentro de quatro paredes, com mesas e cadeiras que constituem assim, uma sala de aula, mas para isso preciso do mais importante, preciso de alunos.
Sem eles, nada será possível!
Trata-se do dom e da arte de ensinar. É isto que eu sei que me está destinado, não é apenas um sonho banal de uma criança de dez anos. É algo sério e que vou fazer de tudo para o concretizar!
(Catorze anos depois – voz grossa de homem)
         Olá! Eu sou o Salvador e tenho um sonho. Não um sonho qualquer mas sim, um sonho realizado. E vivo, verdadeiramente feliz.
Só posso concluir, que devemos lutar pelos nossos obstáculos sem sequer pensar em desistir.
Lutem, lutem e lutem! Mas não desistam! Não será tempo perdido, acreditem! Eu sou feliz e tudo valeu a pena!
                  
Susana Machado Proença, 10º H,
 Curso Tecnológico de Desporto  
Projeto Cinema Entre Linhas            

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Quando eu era mais novo, deparei-me com uma situação muito triste. Havia uma velhota que tentava atravessar a rua, mas ninguém parava para a deixar passar porque pensavam que ia levar muito tempo a ultrapassá-la, mas ela era uma velhota muito forte e com um espírito de guerreira, no entanto não se atrevia a atravessá-la, porque não queria morrer.
Quando me deparei com aquela situação, tive a obrigação de ajudá-la, mas eu tinha acabado de sair do hospital, onde tinha sido submetido a uma cirurgia muito complexa e difícil.
Quando reparei que ninguém parava, tive de fazer alguma coisa, fui-me metendo pouco a pouco na estrada, até que um carro parou e a velhota passou a estrada e agradeceu-me muito, e disse que eu podia aparecer na casa dela sempre que quisesse.
Num certo dia, fui a casa da tal velhota para receber a minha recompensa. Ela deu-me com a muleta e perguntou-me o que eu estava ali a fazer e, quando eu disse que tinha ido receber a minha recompensa, ela disse que eu estava maluco e que não havia recompensa nenhuma e voltou-me a dar com a muleta, mas deu-me com tanta força que fui de novo parar ao hospital, onde tive de ser submetido a uma nova cirurgia mas ainda mais grave.

Filipe Cardoso Carlos  Nº10  10ºD
Escola Secundária de Pinheiro e Rosa
Projeto “Entre Linhas”

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Sabedoria é poder chegar mais longe…
                Arte de ensinar há muito que tem vindo a ser estudada, aperfeiçoada. Há tanto tempo quanto a arte de aprender. Ainda assim, nem uma nem outra tangem de perfeição, já que, como diria Kant, “a educação é o maior e mais difícil problema imposto ao Homem”. Certo é o maior e mais difícil problema imposto ao Homem”. Certo é, apesar das lacunas que caracterizam o ensino e a aprendizagem actualmente, que as diferenças entre a educação de antigamente e a educação como a conhecemos actualmente são notórias, e nem sempre num sentido ascendente.
A primeira grande dissemelhança que surge está associada à evolução dos métodos de ensino. Onde ficaram os quadros pretos? O giz? Ou até mesmo o apagador? A sua substituição por computadores e quadros electrónicos marcou o início de uma nova Era: a Era da Educação moderna. Mas não foram só os objectos utilizados na escola que sofreram mudanças. Outra diferença prende-se com o facto das energias e da rapidez associadas à vida actual serem indirectamente proporcionadas à vontade de partilha de conhecimentos e ao gosto pela assimilação dos mesmos.
“Os analfabetos do próximo século não são aqueles que se recusam a prender, reaprender e voltar a aprender”. Mal sabia Alvin Toffler a veracidade da sua afirmação, ao proferi-lo no século XX. Actualmente, ao entrar-se numa sala de aula, o seu elemento mais marcante é o aluno aborrecido, entediado que, apesar de estar a olhar para o professor, não está a ver. Que, apesar de estar a fazer que ouve, nenhuma das palavras proferidas é tida em conta no decorrer da sua vida. Perdeu-se a magia de aprender. E sendo o acto de ensinar e o de aprender duas acções intrinsecamente ligadas, perdeu-se, por consequência, a magia de ensinar.
Aristóteles disse um dia que “a alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender mais”. Não podia ter mais razão … Acontece que a alegria para a maioria já não está em parte associada à aprendizagem, resta-nos acreditar que o gosto por descobrir o oculto, por aprender o desconhecido renascerá, porque “se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los”, tal como diria Isaac Asimov. E a maior necessidade actualmente está associada à resolução de problemas.
E porque sabedoria é poder chegar mais longe, tornamo-la de novo irresistível.
                                                                                                      Joana Santos Teixeira, 12º B
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Isabel Antunes nasceu a 15 de Junho no ano de 1944. A menina nasceu numa linda tarde de Verão, nas terras quentes de Moçambique e onde passou a sua infância até aos dez anos. Mudou-se com os pais para a Metrópole. Foi muito bem acolhida e é onde continua a residir. Fez os seus estudos em Guimarães e aí completou o ensino básico e secundário. Mais tarde licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, tendo iniciado a sua actividade profissional como estagiária numa escola secundária, onde ficaria a leccionar a disciplina de Português.
Quando atingiu os quarenta anos, decidiu começar a escrever um livro, que alcançara êxito a nível nacional. A referida obra relata histórias de vários jovens adolescentes com diversos problemas sociais.
Quando se reformou decidiu ocupar o seu tempo numa causa social que protegia jovens em risco, acolhendo-os e tentando ajudá-los a integrá-los na sociedade para que  eles pudessem ter uma vida mais condigna.
Hoje vive da reforma e continua a fazer o que mais gosta: ajudar os que precisam e a dedicar-se, igualmente, à escrita.
                                                                                             10º E
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OS CORISTAS
Os alunos, na sua maioria rapazes, ouviam o professor cativados pela paixão exuberante demonstrada através das suas palavras. Os corpos, naquela sala exígua, voavam para um lugar encantador, onde os sonhos mais sublimes se tornavam realidade.

                                                                                                             Anastasia Borozan,  11º A
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